Horário de Brasília

sábado, setembro 30, 2006

. DE VISTA

Perceba como a revolução tecnológica contemporânea aliada ao poder da informação no desenvolvimento das relações atua em momentos decisivos para o futuro

Por Carmen Gonçalves

Qual seria o segredo para as novas gerações viverem bem? Se você fizer essa pergunta, a primeira resposta que virá à cabeça da maioria das pessoas será algo ligado à tecnologia da informação.

Mas porque essa expressão carregada de símbolos e paradoxos tem se tornado tão essencial para o dia-a-dia do homem moderno? Essa resposta é, provavelmente, o centro da crise social (e porque não existencial) que vivemos hoje. O sistema político atual – a tão especulada globalização – e a lógica capitalista colaboram incentivando o consumo, o egocentrismo, o narcisismo. Aliado a isso, temos o cenário de avalanche tecnológica que nos desatualiza a cada novo minuto, trazendo novidades que facilitam tanto a vida que até mesmo o conhecimento é incorporado por equipamentos, cada vez mais sedutores e potentes. O conhecimento humano está aumentando explosivamente e, coletivamente, o mundo está ficando mais inteligente. Individualmente, o homem se depara com um grau de exigência cada vez maior, em muitos casos passa a dar menos valor às relações afetivas, necessita dominar a informação, coloca prioridade do ter sobre o ser e despreocupa-se com a dignidade humana do próximo e com o meio ambiente.

Totalmente inseridas neste contexto, e não mais poupadas de qualquer espécie de degradação humana, estão surgindo as novas gerações. Crianças e adolescentes de hoje vêem, vivem e se misturam a essa onda, são seduzidos por esse universo cada vez mais cedo e com maior facilidade. A mídia, normalmente agressiva, se encarrega de incutir nessas cabecinhas, já não tão inocentes, valores sempre muito ligados às tecnologias atuais e o modo de vida dessas crianças fica perigosamente dependente das facilidades que essa revolução informatizada traz.

Embora os lados positivos dessa realidade sejam inúmeros, são sempre individuais. Uma prova disso é a exclusão digital que vivem inúmeras pessoas, independente de países ou fronteiras. Comunidades inteiras são completamente privadas de qualquer contato com esse mundo novo e, apesar de parecerem bem assim, estão à margem da nova ordem mundial, o que as transforma em itens dispensáveis, seres sem importância no ciclo individualista que traçamos como ideal de vida já para nossas crianças, deixando-as sem escolha, sujeitas a essa realidade.

Em Brasília, acontece um lançamento que vem a calhar para explicar esse contexto. Uma escola para adolescentes de classe média alta, a mais tradicional da cidade, está inaugurando seu serviço de ensino à distância, o EAD, utilizando para isso a Internet. A idéia dos coordenadores do projeto é ótima, segue fielmente o modelo já aplicado em vários outros lugares: possibilitar que uma criança tenha aulas alternativas, não-presenciais, mas com exercícios, conteúdo e até mesmo plano de curso. O aluno é matriculado se quiser e terá a facilidade de se preparar para o futuro no conforto do seu quarto, acessando seu computador. Mas como fazer uma criança acostumada com esse comportamento entender que o convívio com outras crianças é muito mais importante do que quase tudo numa escola? Como convencê-la de que o hábito de folhear um livro acrescentará na sua formação cultural positivamente? Será que esse aluno estará mesmo se preparando para o futuro?

A pergunta mais freqüente é um ponto crítico dessa nova filosofia: seria esse modelo capaz de substituir a educação convencional, as escolas, professoras, a leitura? Tomara que não. Sendo mais clara, é inegável o dano que essa cultura digital está causando nas novas gerações, é totalmente perceptível que muitas crianças estão se tornando seres mais egoístas, tímidos, fechados em seu mundo de jogos e salas de bate papo. Criam novas linguagens, novos costumes, fazem das suas tribos grupos tão exclusivos, impossíveis de penetrar. E, a não ser que isso não passe de uma fase, o futuro delas desenha-se complicado, provavelmente serão adultos cheios de problemas pessoais e afetivos, workaholics assumidos e pais neuróticos. Assim como a liberação sexual nos anos 70 causou danos irreversíveis às gerações da época, é preciso cuidar para que essa tendência incontrolável para a comunicação não seja tão avassaladora como esperam os mais pessimistas.

Também em Brasília, acontece um exemplo positivo da globalização influenciando comportamentos: a Universidade de Brasília (UnB) conhecida nacionalmente por sua excelência, inaugurou esse ano a agência AAI, Assessoria de Assuntos Internacionais. Trata-se de um órgão interno que se encarrega de manter contato com outras universidades no mundo e viabiliza o intercâmbio cultural de alunos de graduação e mestrado. Os interessados passam por uma série de entrevistas e avaliações e, se aprovados, sua viagem é totalmente custeada pelo governo. São ao todo 29 instituições associadas e os alunos espalhados por outros quatro continentes já somam quase 300. A informação em forma de cultura possibilita para esses jovens experiências únicas e eles trarão para o país seu conhecimento em forma de profissão. É um bom exemplo que nos ajuda a perceber que não é o excesso de informação e de tecnologia que impede o crescimento humano, mas sim, como essas potencialidades estão sendo utilizadas.

O segredo para as novas gerações então, provavelmente está na família, na tradição que ela nos remete. Essa corrida digital e cultural é necessária, também não se pode querer que uma criança se torne alheia a sua realidade, seria muito mais injusto. Todas as portas abertas por essa nova era representam mundo novos e muito interessantes, mas também perigosos, então se deve ter cuidado. Complementando a idéia de família, o segredo pode estar também no equilíbrio, não se pode deixar de impor limites a uma criança ou adolescente. Algumas regras simples e tão antigas quanto esse mundo ainda são fundamentais e ajudam a entender que a maior necessidade frente a esse furacão social e cultural é o cuidado em preservar e conservar a infância, não esperando das novas gerações futuros Bill Gates, Michael Jordans, Ronaldinhos, Lucianos Huck, e por aí vai. Devemos cultivar, (fique claro) sem pretensões, pequenos Gandhis, Mandellas, Betinhos.

A tecnologia pode entrar em retrocesso e a humanidade não vai acabar por isso. O que não pode acontecer é o ser humano entrar em retrocesso, é o abandono de culturas antigas, filosóficas e éticas, conhecimentos necessários ao processo de evolução que nunca cessa.

sexta-feira, setembro 29, 2006

COMPORTAmento: Flash mob – a idiotice do moderno

Flash mob, em português, multidão instantânea. Movimento de um grupo de pessoas que se reúne em um lugar público, faz algo coreografado, aparentemente sem sentido, e após chamar atenção, voltam ao anonimato da multidão
Por Gabriela Rocha

O primeiro aconteceu em junho de 2003 em Nova York. Por meio da internet, divulgou-se um evento batizado de projeto mob que reuniu aproximadamente 100 pessoas em volta de um tapete em uma loja. Após esta primeira intervenção, a novidade espalhou-se pelo mundo, até que no Brasil, em 2004, um grupo atravessou um sinal na Avenida Paulista com os sapatos na mão e batendo-os no chão como se estivessem matando baratas.

Segundo os que pregam, o “purismo” do movimento flash mob é legítima aglomeração instantânea, não tem pretensões políticas de natureza alguma, sendo, antes de qualquer coisa, celebrações do nonsense. Ou seja, a legítima representação de uma “geração perdida” sem nada para fazer ou se preocupar, que para se ocupar e escapar do tédio e marasmo procuram “manifestações” para passar o tempo.

Os modernos ou hypes o consideram como uma resposta “a uma sociedade na qual cada um de nossos gestos está carregado de uma triste previsibilidade.” Frase esta dita por Rodrigo Gurgel, jornalista que escreve para um site de “moderninhos antenados” o Novae. E Gurgel continua: “É uma espécie de potlach, no qual seus participantes queimam, simbolicamente, a ordem da sociedade, recusando - ainda que por poucos instantes - os valores acumulados em suas consciências como bens inquestionáveis da civilização”. Para explicar melhor, potlach é uma palavra inglesa que significa dar, originada um ritual indígena norte americano que tinha como objetivo a oferta de bens e redistribuição da riqueza. Então, traduzindo, o flash mob seria uma grande revolta do jovem oprimido pela sociedade contemporânea massificante.

Posso ser até preconceituosa neste momento. Repetir as críticas que foram feitas aos Modernistas na década de 20. Mas isto é uma grande besteira, de jovens fúteis, sem objetivos ou pretensões que ficam se entretendo com um monte de bobagens irreais ao invés de fazerem algo sério e tentarem sair da “bolha”.

quarta-feira, setembro 27, 2006

SERVIÇO POR ASSINATURA – Nós pagamos, eles roubam

Sob as barbas do atual chefe da legislatura brasileira, ninguém menos que o Presidente da República, corrupção envolve mais uma vez o Brasil às portas do 1º de Outubro e pode atrapalhar o próprio Partidos dos Trabalhadores, mentor do espetáculo

Por Rafael Aguiar

Dinheiro em malas. Notas em cuecas. Corrupção nas diretorias fisiológicas das estatais. Caixa dois. Dólares em caixas de isopor onde se deveria levar cerveja ou gelo. Violação da conta bancária de um simples caseiro patrocinado por mais de um órgão do governo, entre eles a Receita Federal, a mando de um Ministro da Fazenda que tinha negócios superfaturados com empresa de coleta de lixo. "Paitrocínio" da Telemar para com a empresa de games do filho do presidente, tornado empresário da noite para o dia após graduar-se em Biologia. Mentiras. A personificação da anti-ética. Se faltava alguma coisa, ela foi preenchida na última semana com o escândalo dos dossiês.

Descontentes com o horripilante quadro da reeleição de Lula, inegável leniente, corruptor e bufão, sustentado literalmente por mesada, pelo voto de cabresto, que deveria ser considerado crime eleitoral, os petistas – cheios de um orgulho provido sabe-se lá de onde – almejaram a queda do virtual vencedor em primeiro turno na disputa a governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Pegando carona no último caso desbaratado pela mídia, Ministério Público e Polícia Federal, a sem-precedentes compra de ambulâncias superfaturadas (palavra muito comum nas gestões petistas) ou Escândalo dos Sanguessugas, do qual participaram deputados de inumeráveis legendas (o PT, como de praxe, com um time respeitável incluso), tentaram a obtenção (justo de quem? Daquele que promoveu toda a festa dos chupa-sangue – quanto Luiz corrupto! –, Luiz Antônio Vedoin) de um documento que mostraria o envolvimento de Serra no lamaçal previamente configurado que partia do Ministério da Saúde e aterrissava na Câmara. De errado, há dois fatores: dificilmente as informações do dossiê são verossímeis; o golpe sujo partiu do pessoal mais próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, muitos dos encarregados de alavancar sua campanha nas urnas (quem precisa disso, quando o suborno aos pobres já garantiu a manutenção da pseudo-esquerda com um invejável projeto de poder por mais quatro anos?).

“Pegou muito mal” é quase uma atenuante, aliás. "É pior que o Watergate", disparou Marco Aurélio Mello, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Se ele estiver certo, significa que breve teremos a deposição do tirano Lula, já que o presidente americano Richard Nixon renunciou em segundo mandato devido às falcatruas irrefutáveis de seu primeiro mandato. Isso é: num país sério. Continuando o balaio de frases, "democracia não é coisa limpa", disparou o atual presidente brasileiro. Estamos vendo, estamos vendo...

O baque seria menor para os defensores da "teoria da estabilidade". Segundo os mais otimistas o país não é mais corrupto hoje. A diferença é que a corrupção é descoberta como jamais fora. As instituições trabalham em prol da democracia, tornam-se mais sólidas a cada pleito, não importa de que legenda for. Tal teoria pode estar vazando: a Polícia Federal, após a prisão (temporária, claro) do círculo de petistas diretamente envolvidos na compra do dossiê, arrefeceu as investigações. Acusada pelos comunas mais radicais de "tucana" a PF deve ter sentido receio pelo rótulo e deu um breque. Atitude incompreensível quando vem de uma instituição tida como sólida, de uma polícia que – dizem – promoveu uma limpeza interna da qual zero malfeitores teriam escapado. A Polícia Federal não é, ou foi, tucana. Não agiu de acordo com interesses privados quando prendeu os petistas envolvidos em mais essa calúnia envolvendo dinheiro ilícito. Agiu com neutralidade, como manda a Lei. Depois, à admissão (incognoscível) por alguns de seus porta-vozes de que "houve precipitação nos mandados de prisão", a PF foi petista. Uma instituição democrática atropelou a democracia. É de se duvidar, ao final, se sempre houve tanta corrupção como há agora, quando todos os órgãos federais fazem de tudo para acobertar, mês a mês, denúncia a denúncia, as mesmas personalidades: Lula e seu bando.

Conseqüências? Na República das Bananas, o povo mais humilde, vítima dos "formadores de opinião", anda aprendendo na marra que nestas terras "pode tudo". O caseiro Francenildo Costa, atacado por Antônio Palocci após ter revelado as falcatruas que rolavam na casa de negócios do Lago Norte, assumiu grave arrependimento por ter falado a verdade. "Se você for humilde e der uma de íntegro, vai acabar se dando mal". Quando o exemplo vem de baixo, é assustador.

E quantos dos envolvidos em todas as trapaças acima citadas serão reeleitos? Mesmo que não fossem, um xilindró não caía mal, e quando vem para um ou dois é logo suspenso. Pior de tudo é que o plano para ascensão de Aloizio Mercadante nas eleições paulistas teve efeito inverso. Por que não apostar que Lula enfrentará um perigoso segundo turno exclusivamente pela imperícia de todos que o cercam (logo, sua própria imperícia também)? Talvez ele ganhasse no primeiro turno se os petistas sossegassem ao menos mais uma ou duas semanas em seus joguetes escusos. Um partido que se omite de fazer o certo (mexer na estrutura da nação, reformar – afinal, não estamos falando aqui de uma gentalha auto-proclamada revolucionária?) e quando se mete por vias obscuras (a pergunta é: quando deixa de se meter?) também se equivoca, porque envolve dinheiro vivo em malas, porque deixa toda a história vazar, porque subestima o Quarto Poder, porque não aprende com o (recente) passado, porque tenta inutilmente blindar o presidente Lula, que sabe que declarar "nada saber" é a melhor defensiva. É verificado, pela repetição dessa falácia, que esse é um estratagema friamente bolado pelo PT, não um incidente dos tantos que saem da boca de Lula ou uma saída emergencial. Nem a imprensa consegue evitar que dê certo, porque os eleitores-bolsistas não ligam para isso, como deixou claro Francenildo Costa, cidadão de posses modestas.

Ê, PT! Rouba sem saber roubar. E a população de baixa renda renova a assinatura quadrienal de uma prestadora de serviços (a máquina petista) que ninguém entende o que seus funcionários prestam. Devem estar todos de licença da função política, cuidando de seus Land Rovers ou bebendo whisky. O serviço por assinatura fantasma acaba valendo, sem querer, para a classe média, que só pode esperar por um impeachment milagroso ou, do contrário, quatro novos anos de penúria.

terça-feira, setembro 26, 2006

RE&LEITURA - O começo da Babilônia

Por Carmen Gonçalves
Diversidades das mais inusitadas eram só o que poderiam esperar os desbravadores do território que é hoje o estado de Goiás, no século XVIII. O sertão bruto, animais desconhecidos, tribos indígenas, vegetação do cerrado e trilhas para serem abertas eram a única paisagem que se avistava em meses de viagem.

O ano de 1734 marcou a primeira incursão de bandeiras pelo sertão do planalto central brasileiro. Homens com almas de tropeiros foram rumo ao desconhecido e trataram de estabelecer a primeira Estrada Real dos Goyazes, como era chamada a região goiana atual. Em busca de ouro, a bandeira vasculhou o mapa do centro do País e deixou documentos que comprovam o sucesso da aventura. No livro Viagem pela Estrada Real dos Goyazes, três historiadores brasilienses relatam a saga dos bandeirantes tropeiros, e mais: provam que a Estrada cruzou, de ponta a ponta, o território que hoje se denomina Distrito Federal.

Baseados em manuscritos enviados a El Rei e disponíveis no Acervo Histórico Ultramarino, Deusdedith Junior (Professor Zezeu do UniCEUB), Wilson Vieira e Rafael Cardoso remontaram a trajetória dos viajantes, topando com surpresas muito gratificantes pelo caminho. Segundo Professor Zezeu, o contato com as comunidades tradicionais foi surpreendente e fascinante. Adentrar o cerrado, refazer trilhas e estar (mesmo que por instantes), seguindo os passos deixados por desbravadores como José da Costa Diogo (relator das cartas a D. João V, os objetos de estudo do livro) possibilitaram um conhecimento incrível para os historiadores. O estudo descreve desde detalhes sobre as relações comerciais entre os colonos e a coroa, os tributos absurdos a que eram submetidos e até a cartografia detalhada da viagem de muitos meses a fio pelo sertão dos Goyazes. O relato passa ainda pelas deslumbrantes paisagens do cerrado brasileiro, evidenciando, desde aquela época, a beleza da biodiversidade do bioma. Passa também pelas relações de poder que ali se estabeleceram, longe dos olhares da coroa portuguesa.

Um traço fundamental do livro é a identidade provocada com o DF de hoje. O relevo e, principalmente, as fazendas que existiam aqui são provavelmente a verdadeira história do povo que habita o Planalto Central. Nomes de regiões administrativas de Brasília como Sobradinho são, na verdade, herdados de enormes fazendas que existiam no solo onde hoje existe a capital. O Parque Nacional de Brasília (ou Água Mineral) foi uma das trilhas destes homens, que iam e viam em território brasiliense transportando, além de ouro e animais, muita cultura e diversidade.

O estudo é grandioso. Está aí uma ótima pedida para os brasilienses. Antes dos candangos e paus-de-arara, certamente as origens do que hoje podemos chamar de Torre de Babel Brasileira, ou seja, Brasília, estão incrustadas nas trilhas centenárias do cerrado.
Mais informações: www.homemdocerrado.com

segunda-feira, setembro 25, 2006

Relato Instantâneo

De repente, não mais que de repente, o céu desceu nesse 25 de setembro de 2006 à 1h19 da manhã

Eu, não o único, mas talvez um dos poucos “brasilienses” que presenciaram o exato momento de tal maestria da natureza.

Me coloquei à janela para o primeiro, e último, cigarro do dia quando percebi fortes cargas do que julguei ser fumaça invadindo as ruas e se fazendo notar embaixo dos teatrais jogos de luz feitos pelos postes e seus feixes de luz alaranjada.

A névoa veio tomando as ruas, se embrenhando entre os blocos, carros e árvores. Tornando-se cada vez mais densa e desafiadora. Espessa, muito espessa. Posso ver nitidamente os “bolos” de nuvens que desceram do céu.

Não consigo ver nada além dos 50 metros que circulam meu prédio. Hipnotizante, mágica e assustadora é essa nuvem que desce nesse exato momento sobre a cidade e não deixa ver nada além. Como a vida de nós, pobres humanóides, que agora recebemos presentes dos céus.
Peu Lucena

domingo, setembro 24, 2006

E-DITORIAL: Se o assunto é cinema...

Por Peu Lucena
...falemos de cinema! Falemos do que o mundo nos deu de melhor até agora. Não, não há noite de sexo nem barra de chocolate que provoque mais arrepios e emoções em um ser humano do que um bom filme.

Essa semana não foram publicados textos políticos, econômicos ou denunciativos. Foi a semana do cineminha. A falta de temas “sérios” (não que o cinema não seja) deve ter tranqüilizado uma meia dúzia que se incomodou com as críticas feitas pelo blog. Peço desculpas àqueles que ainda têm alguma noção de mundo. Os textos críticos voltarão.

Atendendo a pedidos, hoje serei alegre, feliz, engraçado e complacente em minha redação. O tom denunciativo do último E-DITORIAL foi taxado como escandaloso, cataclísmico, perverso, revoltoso, apocalíptico, tenebroso, asqueroso. Abominável homem das trevas, sou eu! Buuuu...!

Sem mais delongas, vamos ao que interessa. É realmente fascinante o poder do cinema em nossas vidas, o modo como diretores conseguem transformar nosso mundo por cerca de duas ou mais horas. Não vivemos no auge cinematográfico, definitivamente não. Mas estamos em uma época de diretores geniais – citados honrosamente semana passada nos textos do blog – que começam a quebrar o padrão cinematográfico criado em Hollywood.

Um grande exemplo desse tipo de direção é o trabalho feito por David Lynch. A vida e trabalho do autor foram abordados na matéria da semana passada de Rafael Aguiar. O genialismo e a linguagem de Lynch são ferramentas super em voga no atual processo de reconstrução do cinema. Um autor cujas obras devem ser vistas por todos, apocalípticos ou não.
.
Se quer se anestesiar diante dos problemas e das mazelas do mundo, respeitável público, pelo menos façam isso com o que esse mundo já lhes ofereceu de melhor, o cinema! Vista seu melhor moletom, encha um balde de pipocas e assista a filmes, bons filmes por favor. Reflita sobre o que enxergar de melhor, busque alegria. Mas saiba que os problemas e mazelas do mundo, reproduzidos pela sétima arte, vão muito além da sua poltrona confortável e da tua bela tv de plasma.

sábado, setembro 23, 2006

outrOOlhar – Vida européia

A seqüência dos filmes Albergue Espanhol e Bonecas Russas mostra o primor do atual cinema europeu [Leia...]
Por Peu Lucena

quinta-feira, setembro 21, 2006

bioGRAFIA – DAVID LYNCH

Um diretor de cinema que, com um time de artistas de primeira linha e muito dinheiro no caixa, não faz valer sua qualidade, mas quando os recursos são escassos sempre se dá bem – conheça David Lynch! [Leia...]

Por Rafael Aguiar

quarta-feira, setembro 20, 2006

outrOOlhar - Momentos que valem

por Gabriela Rocha
.
Epifania, catarse, orgasmo, auge. O que descreve é exatamente o ponto máximo, o momento que faz valer a pena.
.
Grandes obras cinematográficas são permeadas destes momentos. Quantos filmes são revistos a espera de apenas um momento. Momento no qual o diretor exibe sua maestria fotográfica e o ator se entrega tanto ao personagem que, durante aquele momento, não se separa a realidade da fantasia.
.
Buscar estas cenas em grandes clássicos, muitos já fizeram. As cenas de beijo de Rett Butler e Scarlett O'Hara, em “O vento levou”, a delicadeza de Audrey Hepburn admirando a vitrine da Tiffany´s ou L.B. Jeffries com um binóculo observando seu vizinho assassino, em Janela Indiscreta, já foram por diversas vezes analisados e idolatrados.
.
Proponho um olhar aos novos clássicos, os filmes que compõem o cinema contemporâneo, de jovens diretores que, hoje, estão em seu pleno fervor produtivo...
.
Começando por “Alta fidelidade”, filme dirigido por Stephen Frears, baseado no livro homônimo de Nick Hornby, no qual Rob Gordon, interpretado por John Cusack, um homem de meia idade, dono de uma falida loja de discos, se recusa a amadurecer principalmente, no relacionamento com sua namorada de longa data Laura.
.
O ponto hipnótico deste filme é a cena em que Rob recebe a visita desaforada do atual namorado de Laura, Ian, hilariamente interpretado por Tim Robbins, para avisá-lo que deve se afastar da moça. Segue-se a essa ameaça três respostas, entre elas, uma em que Gordon chega ao ponto de acertar Ian com o ar condicionado que estava na parede de sua loja. Quando a violência termina, percebe-se que tudo foi apenas imaginação do protagonista, que, na verdade, ficou parado ouvindo, sem reação alguma. Alem da incrível interpretação de Jack Black para a música Let´s get it on de Marvin Gaye.
.
Em “Os sonhadores” de Bernardo Bertolucci fascina na seqüência em que os três personagens Matthew, Isabelle e Theo dividem uma banheira, o momento de maior intimidade do filme em que se mistura o doce com o bizarro. O aspecto romântico, que permeia todo o roteiro, de liberdade a qualquer custo, seja ela ideológica ou sexual, é belissimamente resumida nesta cena. Os corpos entrelaçados de dois homens e uma mulher representam a contradição entre a questionável liberdade em que vivem e a inocência dos três dormindo no banheiro, que só foi possível devido ao grande desprendimento de qualquer pudor por parte dos atores.
.
Esta é uma pequena amostra, de duas obras, em que uma cena vale o filme inteiro. Para mostrar que, em algumas ocasiões, 30 segundos ficam marcados na memória pelo resto da vida.

terça-feira, setembro 19, 2006

. DE VISTA - Viver de aposentadoria no Brasil...

Por Priscila Sousa
,
Chega a época da aposentadoria, todos acham que é tempo de descansar mais a realidade não é bem essa. Ótima frase, perfeita neste momento “Somos brasileiros e não desistimos nunca”, ótima interpretação: é lógico que não podemos desistir, temos que trabalhar até ficarmos sem todos os dentes. Muitos acabam passando fome, assim ficando sem dinheiro nem para fazer a dentadura. E depois, o governo federal coloca hipocritamente nos seus comercias, que os brasileiros são corajosos, trabalham a vida toda e não desistem, quer dizer, não podem desistir. Idosos que vivem do lixão, de vender balas em parada de ônibus e não têm direito de se aposentar.

Em julho foi aprovada a medida provisória, que aumenta em 5 % as aposentadorias.Quanto dinheiro, não?! Por que os aposentados da câmara federal, legislativa e outros meios governamentais ganham até 14 mil reais de aposentadoria? Será que um gari, um professor da rede publica trabalham menos, por isso tem aposentadorias tão baixas? Respostas que a era capitalista e individualista explicam.

Depois de mais de 50 anos de batente teriam mais é que ficar lendo jornal no sofá, caminhando no Parque da Cidade, divertindo-se com palavras cruzadas. No máximo, realizando uns bicos só pra não ficarem loucos, sentindo-se inútil e evitar certas neuras de recém-aposentados. Já seria o bastante.

Respeito não é definitivamente uma palavra que o governo tem com os aposentados que ajudaram no crescimento do nosso país por tantos anos de suas vidas. Que reajuste enorme eles tiveram de 15 reais. Não da nem para comprar o remédio da diabete, da pressão alta. Cuidado mesmo só com os velhinhos de classe media alta. Pois os outros têm destino certo, a morte sofrida ou a solidão de um asilo.

Alguém aí ouviu falar nos aposentados nessas campanhas? Resposta óbvia: não. Porque falariam já que o querido presidente Lula aumentou o salário deles este ano. Só lembrando que alguns dados revelam que o Brasil tende a ser um país de idosos. Vamos viver dos favores e bondades dos nossos políticos. Ah! Vidinhas de aposentado. Conselho: não adoeçam nunca, viver de aposentadoria no Brasil é um suicídio.

segunda-feira, setembro 18, 2006

RE&LEITURA - Cadê teu suin?

Los Hermanos, uma banda que deu as costas ao mercado fonográfico e mostrou que música boa não precisa ser música comercial [Leia...]
.
Por Guilherme Ferreira

domingo, setembro 17, 2006

E-DITORIAL: Auto-exílio

Por Peu Lucena
O Brasil se envergonhará enquanto tiver de exportar cidadãos que levam na bagagem nada além do que a vontade de ficar!”. Disse o sábio-polêmico Arnaldo Jabor. Com razão. E essa situação não é privilégio único do Brasil, a raça subdesenvolvida instituiu o ser humano como um dos principais itens de exportação de um mercado asqueroso apadrinhado pelo “Mundo Globalizado”.

Encher uma sacola com roupas velhas e arriscar-se em mares e fronteiras passou a ser a última opção antes de se entregar a uma vida regida pela fome e pela miséria. Semana passada o HB noticiou, de forma singular, o inacreditável fenômeno que tem ocorrido entre a África e a Europa.

O Velho Mundo vem sendo invadido por africanos que se lançam ao mar e chegam a países como Espanha e Portugal à procura de um futuro que não envolva, necessariamente, a fome e a Aids. Para os que vão, qualquer espaço debaixo de uma ponte e um prato de sopa oferecido por uma ONG já são mais que o suficiente.

Os governos africanos cruzam os braços e assistem de longe seus filhos que nadam ao mar em busca de vida. Cochicham com seus secretários: “lá se vai mais uma boca que teríamos de alimentar, um reprodutor a menos nesse rebanho de ovelhas doentes...”. E o mundo diz: “Nossa!...”. Nada Além.

Brasileiros limpam chão na América com o desejo de enriquecerem, bolivianos desejam apenas uma máquina de costura e um quartinho em São Paulo, cubanos desejam um simples táxi em Miami, asiáticos um subemprego na Austrália, os africanos desejam simples e desesperadamente uma vida. E o mundo? O mundo continua com aquele estúpido e cínico “Nossa!”. Nada Além.

sábado, setembro 16, 2006

. DE VISTA - Quero Corrupção!

Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque não precisavam de mediador: no debate televisivo do dia 13 de setembro todos firmaram um pacto anti-Lula e esqueceram de gerar polêmica – já não se fazem debates como antigamente...
Por Rafael Aguiar

Desenrolou-se na quarta-feira passada talvez o debate entre candidatos à Presidência da República menos visto de todos os tempos. Foi transmitido pela Rede Gazeta e também para os internautas do Portal Terra. O virtual líder do esquete e provável vencedor em primeiro turno não deu satisfações, para variar. De qual bar conferiu a disputa?

Seja de onde tenha sido, fato é que Lula da Silva apreciou muitos xingamentos a sua pessoa. Eufemizados, claro. Fujão, cara que compactua com a corrupção debaixo de seu nariz e esmoleiro teriam sido suficientes para despertar os "eleitores-bolsistas" contra tão temível reeleição? Analisemos os desempenhos pormenorizadamente:

Alckmin – Tão seguro que postergava a verdadeira resposta para além daquele 1 minuto e meio, ou 1, ou meio, desafiando os "Ok, ok, ok" da apresentadora. Cortassem os microfones, ora pois! Isso é facilmente perceptível na pergunta feita por um jornalista sobre o posicionamento do ex-governador de SP com respeito à emenda da reeleição. O homem poderia responder "Sou contra" e desenvolver a justificava na sobra do cronômetro, mas gastou 90% dos escassos segundos tratando de defender Mário Covas e FhC (como adora dizer Millôr Fernandes, o superlativo de PhD!). Seu "não, não sou a favor" veio praticamente estourado. Desse jeito prolixo, G.A., caso consiga o que tanto quer, só vai servir para empurrar os problemas do Brasil com a barriga por mais 4 anos até o sucessor! Será mal de médico? Não sabe como dizer a um paciente que ele tem apenas mais alguns dias de vida?!? A nação está na UTI.

H. H. – Ah, se ela ao menos respondesse o que lhe era perguntado acerca de Economia! Eis o ponto sensível de seu programa. Crer na reforma braçal de toda a estrutura sócio-político-econômica, ainda que não haja nada de errado no combate a um antigo pesadelo do brasileiro, a inflação! Onde estava Heloísa Helena por todos esses dias instáveis de consolidação da democracia e da estabilidade econômica, quando o governo era forçado a congelar os preços e lançar planos e mais planos fracassados num ritmo incrível e quando o consumidor estocava meio supermercado em casa esperando o pior? Viajando a tout le monde?

Cristovam Buarque – O "Senhor Cronos". Terminava suas respostas exatamente nos três segundos finais, sem a mínima margem de atraso. Não atacava aos outros. Teve sua vitória pessoal. Que pena que a mesma careça de representatividade, porque, como ele mesmo ressaltou, "quem sabe que o povo precisa de educação é a parte do povo que já passou pela escola". Resolva essa, amigão! Como em terras tupiniquins dá mais pobre do que urubu em corpo de morto, fica difícil as pretensões de voto no patrono da Educação ultrapassarem 1%.

Na verdade, pelas linhas discursivas, tanto bafafá ("temos de buscar..., temos de mudar..., iremos reformar...") e acusações a quem se encontrava ausente (será que, se resolveu respeitar a Lei Seca, Lula não foi porque estava doente? De cama? Será que era caxumba?!) só servem para adiar um pouco a festa do barbudão. No mínimo o atual presidente ganha em segundo turno. E sem precisar gastar saliva.

Bárbaro, não? Defender caixa dois dá voto! É uma lástima que figuras como Luiz Estevão e Eurico Miranda estejam inelegíveis (salvo engano quanto ao primeiro). Queria ajudar a eleger um comprador de votos também nas esferas estadual e municipal, além da federal. Ainda resta uma esperança: transferir meu título de eleitor para Alagoas (Collor), Pará (Jader Barbalho), Bahia (ACM, filhos e netos), Maranhão (Sarney's, enfermos ou não), Amazonas (Amazonino, o predestinado que já nasceu com o nome parecido com o de seu feudo), São Paulo (Quércia, Maluf... ai, ai, que urticária!), Rio (Garotinhos famintos, com G de gordo, digo, "g" maiúsculo!)... Enfim, para estes ou qualquer um dos demais vinte estados. Para quem não sabe, sou eleitor do DF. Pensando bem, por que não manter tudo como está? Tenho um prato cheio a minha frente: violador de painel liderando as pesquisas!

sexta-feira, setembro 15, 2006

ON LINE - Mais frio do que nunca

Por Gabriela Rocha
Internet: um conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados que permite o acesso a informações e todo tipo de transferência de dados.

É um meio sem leis, onde todos podem fazer o que quiser, perigoso por esconder a identidade da pessoa que está do outro lado... Isso todos nós sabemos! O difícil é refletir o quanto essa ferramenta mudou a sua, a minha, a nossa vida!

Nascida praticamente sem querer nos tempos remotos da Guerra Fria com o nome de ArphaNet, objetivo: comunicação das bases militares dos Estados Unidos, mesmo que o Pentágono fosse riscado do mapa por um ataque nuclear. Quando a Guerra Fria passou a ArphaNet tornou-se tão sem utilidade que os militares já não consideravam importante mantê-la sob sigilo. Assim, permitiu-se o acesso aos cientistas que, mais tarde, cederam à rede para as universidades e assim sucessivamente. Até se tornar artigo de primeira necessidade para a maioria de nós.

Quantos trabalhos dependem exclusivamente dela? Quantas coisas não usamos mais? Alguém se lembra de enciclopédias? Aquela coleção de livros que ficava na estante já são quase artigo de museu. Os mais afoitos já declaram o fim do jornal e dos livros, que segundo estes, em breve, ganharão suas versões exclusivamente digitais.

Mas o que mais a internet revolucionou, pessoalmente, foi a comunicação. Antes se reservavam as horas da noite para interurbanos com os amigos que moravam longe e antes ainda, cartas para contar as novidades. Hoje, não importa se o outro está na Rússia ou na mesa ao lado, usamos as mesmas ferramentas para passar horas a conversar, ou teclar...

Alguns se isolam tanto nesta “bolha virtual” que já não olham em volta, perdem a noção que fora do virtual existe o real, e passam a viver exclusivamente neste mundo ciberbernético de megas e gigas. Já se pode fazer tudo neste meio, de compras de livros a pedidos do Mc donalds eliminando assim qualquer tipo de contato pessoal, de olho no olho.

E é sobre essa estranha relação (se é que podemos chamá-la disso ) que a produtora Estúdio Capital filmou seu primeiro curta metragem ficcional, “Não te conheço de algum lugar?”, que concorre no Festival Regional do Minuto. Tendo como linha principal a interação estritamente virtual de um casal, que como eu ou você, vive neste mundo tão frio e individualista, que a modernidade gerou. Então, assista ao filme! Quem sabe, de alguma forma, “a carapuça sirva” e, em alguém que, neste momento, está aí sentado, sozinho, a frente do computador desperte a vontade de resgatar a melhor coisa do convívio em sociedade, o contato. Sentir o toque, o cheiro, o gosto... Como dizemos para as crianças: Vão brincar lá fora! Saia de dentro de casa, menino!
Não te conheço de algum lugar?

http://www.youtube.com/watch?v=6aLiTit9hD0

quarta-feira, setembro 13, 2006

CIDADE - Hospitais públicos e seus erros médicos

Hopitais lotados, médicos despreparados e sem nenhuma conduta ética. O número de erros médicos é alarmante nos hospitais públicos do Distrito Federal

Por Priscila Sousa
Enquanto políticos gastam milhões com suas campanhas, hospitais de Brasília vivem sem recursos para atender a população. O governo sempre promete investir mais em educação e saúde, mas continua apenas na onda do “prometer”. Na saúde pública principalmente, se é que podemos chamar assim de “pública”.

Um dos casos mais estúpidos foi de uma moradora de samambaia, de 42 anos, que foi ao posto se consultar após mal estar e o médico a dispensou dizendo que ela estava bem. Ao continuar se sentindo mal retornou, no dia seguinte, ao posto médico e a enfermeira que a atendeu constatou que a paciente estava grávida de 5 meses.

Para piorar o quadro dessa paciente, no dia do parto ela procurou vários hospitais das cidades satélites em busca de vaga e todos estavam lotados. Finalmente foi atendida no Hospital Público de Samambaia onde, antes de socorrê-la, deixaram que sentisse dores por horas. Durante a cirurgia do parto, sem dar nenhuma explicação, fizeram um corte na vertical de 18 pontos, verticalmente! O corte vai do umbigo ao “pé da barriga”. A paciente foi levada para o quarto, sem nenhuma ajuda ou assistência após o parto. A paciente relata que ficou por dois dias dormindo no mesmo lençol, pois a lavanderia estava com problemas. O descaso foi tão grande que, com um corte tão invasivo, nem as enfermeiras foram capazes de ajudá-la a um tomar banho.

As pessoas precisam denunciar para que algo seja feito. O Conselho Federal de Medicina está com projeto que visa aplicar provas aos médicos, como similarmente é feito pela OAB.

Por parte do governo, é necessário dar aos médicos bons recursos de trabalho, abastecendo os hospitais com medicações, aparelhos novos e fiscalização mais rigorosa. As pessoas morrerem nas mãos de quem promete salvar e curar, não é justo. Os médicos precisam ajudar as pessoas sem distinção de poder aquisitivo, ou então rasguem o juramento de Hipócrates e passem a cortar boi no açougue. Esta mãe, citada no início, ficará marcada para sempre, jamais ninguém será punido, muito menos o hospital multado.

No site da Associação Erro Médico existem mais informações sobre o assunto: www.associacaoerromedico.hpg.ig.com.br

terça-feira, setembro 12, 2006

IMIGRAÇÃO – Africanos sem lenço nem documento

Por dia, autoridades européias contam quase 1000 imigrantes africanos ilegais que chegam em solo espanhol [Leia...]
Por Carmen Gonçalves

domingo, setembro 10, 2006

MEIO-AMBIENTE – Brasil: a mina de ouro da biodiversidade

Por Carmen Gonçalves

“Chegamos a um momento histórico, em que o Brasil tem somente uma opção: crescer”
Vociferou semana passada o Ministro dos Transportes, Paulo Sérgio, num evento realizado em Brasília que discutiu os investimentos em infra-estrutura necessários para o setor nos próximos quatro anos. Afastando-se, por um instante, a corrida eleitoral, a crise política e certo ufanismo exacerbado, os brados do ministro traduzem com perfeição a condição de fera em potencial deste país-continente.

O superávit primário previsto para este ano ficará em torno de 40 bilhões de reais segundo o Ministério da Fazenda e os investimentos, também previstos, podem garantir um crescimento de 4,5% nos próximos dois anos, independente do resultado de 3 de outubro. Com o agrobusiness mais competente do planeta e o segundo parque industrial das Américas, o Brasil começa, finalmente, a mostrar a que veio.

Na última Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que aconteceu no final de 2005, em Montreal (Canadá), o Brasil teve papel de peso nas negociações. Os recursos naturais do País atuam hoje de forma a garantir a sua soberania. Num paradoxo ao que acontecia em meados do século XX, o Brasil é visto como uma babel de biodiversidade, um provável refúgio natural para, quiçá, toda a humanidade (ou o que sobrar dela). Por meio do Secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, o Brasil propôs aos países participantes da Conferência um plano, batizado de “crédito de carbono”. Propõe que países com grandes coberturas florestais – como o Brasil – recebam compensações financeiras para manterem intactas suas reservas florestais e hídricas, principalmente. A sugestão foi amplamente aceita pelos países desenvolvidos e o plano deverá entrar em vigor já no próximo exercício, em fase de teste, com alguns países.

Ações de proteção a povos indígenas, por exemplo, têm mostrado um lado curioso nesta marcha de crescimento. Mesmo com toda a corrupção desavergonhada que existe no Ibama e na Funai, a cada ano, um número maior de índios brasileiros tem (re)conquistado a dignidade de suas etnias. Estudos da Unicef (disponíveis inclusive na internet) mostram que o governo brasileiro protege seus nativos. A última grande ação foi na tríplice fronteira, onde a administração da Binacional Hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em atividade, adquiriu cerca de 1,7 mil hectares em Diamante do Oeste (RS), destinados a um grupo de 230 índios Ava-Guarani. A terra original da etnia havia sido completamente inundada em 1982, quando da construção da usina. A atual Reserva dos Ava-Guarani fica a 90 km do local histórica e originalmente ocupado por eles.

Desenvolvimento sustentável, termo altamente em voga, quer dizer crescimento econômico aliado à preocupação social e ambiental. A sua prática não chega a ser uma missão impossível, mas envolve, e muito, boa vontade política e cidadania. O Brasil começa a mostrar que se preocupa com o problema. A responsabilidade social nunca foi tão difundida entre as grandes empresas. Elas possuem os mais variados programas, que vão de creche para os filhos das funcionárias, até ações de reflorestamento de espécies ameaçadas de extinção, como ocorre com empresas de celulose no Sul que, há dois anos, replantam a Araucária. O Congresso Nacional aprovou, somente este ano, dezenas de projetos de lei que incentivam a prática social por trás do progresso e as empresas, grandes ou pequenas, retribuem ao proporcionar melhores condições de trabalho e menor agressão ambiental.

O desenvolvimento ambientalmente saudável também figura como destaque dos planos de governo da maioria dos candidatos neste ano. Ao lado de pautas como estabilidade econômica, geração de empregos e segurança, de alguma forma, a consciência ecológica está presente em todos os palanques. A proteção ambiental é conseqüência direta deste progresso racional e a economia só tem a lucrar com isso. Num país onde os investimentos internacionais estão cada vez mais ligados aos recursos naturais que podem ser explorados, e os nacionais voltam-se aos recursos que deverão ser preservados, o cenário aponta para um desenvolvimento fortemente atrelado à tolerância ambiental. Na verdade, empresários e investidores dão um valor imenso à biodiversidade que o Brasil possui, e os candidatos sabem muito bem disso. Mas o povo, ah, o povo...

A biodiversidade e os recursos naturais que o Brasil possui são encarados hoje como um grande baú de ouro. Os olhos de toda a comunidade mundial estão voltados para este mega-éden que se pode encontrar em qualquer lugar que se olhe nesta terra. Cuidado é pouco. O brasileiro tem que aprender, de uma vez por todas, a respeitar o que provavelmente irá salva-lo daqui a uns (poucos ?) anos. Governantes, seja lá como for, parecem já ter entendido o recado. Mas, e quanto a você, leitor?

quinta-feira, setembro 07, 2006

PROJETO PARALELO

O Horário de Brasília começou a publicar, no último mês, os trabalhos desenvolvidos pela produtora de curta-metragens Estúdio Capital.

A produtora, formada por parte da equipe que realiza o HB todos os dias ainda está em fase de consolidação, porém já possui trabalhos lançados e disponíveis para o público em geral. Os links encontram-se no canto direito do site, sempre com a denominação "Estúdio Capital" antes dos títulos.

São três ao todo. O primeiro, Simpatize, foi filmado durante a parada LGBTS que aconteceu na cidade, em agosto deste ano.
O segundo, pela ordem, o fotodocumentário Krahô, foi realizado para participar da mostra competitiva do Cineamazônia, festival nacional de Rio Branco, Acre. O documentário é baseado numa expedição feita por mim e Peu Lucena à tribo krahô ( sertão do Tocantins) em 2005.
Por fim, o terceiro, Não te conheço de algum lugar, o mais recente, que possui direção, gravação e atuação dos três editores deste site (eu, Peu e Gabriela). O curta está concorrendo à mostra competitiva do Festival Regional do Minuto, classificatório para o Festival do Minuto Nacional, que acontece em São Paulo todos os anos.

Além de nos divertirmos e evoluirmos enquanto profissionais, os filmes procuram passar muito da nossa grande vontade de levar adiante mensagens de amor ao próximo, preocupação social e esperança no futuro. Esperamos não parar e conquistar, a cada dia, novos colaboradores.

Nos brinde com seu apoio e dê uma olhadinha nos filmes!!!!
A Estúdio Capital conta com os leitores do HB para seguirmos!!!

Carmen Gonçalves

GLOBALIZAÇÃO - Mocinhos e bandidos na era da Internet

Por Rafael Aguiar

Um acontecimento recente pôs em xeque a sensação de liberdade na circulação de informações usufruída pelos internautas em todo o globo. O jornal The New York Times, em sua versão online, bloqueou o acesso a uma matéria que divagava sobre possíveis ações terroristas em vôos Londres - EUA para todo e qualquer cidadão britânico. A tal sensação de liberdade é restrita cada vez mais a uma ferramenta que promete ser a dor-de-cabeça dos websites de grandes empresas: os Blogs. Um Blog é uma página – quase sempre gratuita – da web que pode ser mantida tanto por jornalistas quanto por leigos, tanto por equipes numerosas quanto por um usuário. Blogs podem até mentir, mas como raramente estão envolvidos em alguma questão capitalista, servem mais como censura da grande mídia do que como distorção dos fatos.

Quanto ao bloqueio do principal periódico do "centro do mundo", New York, ele faz sentido? Que interesses escusos estariam por trás da medida? Segundo o próprio site do NYT tudo não passa de uma manobra para fugir de processos da Corte Inglesa, isso porque o emissor de alguma notícia que prejudique réus de julgamentos em curso (no caso os suspeitos de articulação de atividade terrorista) estará sujeito a sanções. Pelo menos até hoje nenhuma agência de notícias ou veículo da imprensa de fora do Reino Unido foram punidos, mas – como prevenção – os americanos preferiram vedar o acesso a informações que pudessem "mudar os rumos dos julgamentos". Claro que não impede que os indivíduos da nação européia entrem em contato com fontes norte-americanas visando à obtenção do artigo, no entanto "era o máximo que se podia fazer nessa situação, o que nos livra de qualquer problema com os tribunais ingleses", garante um dos advogados do The Times.

Agindo para evitar ser processado e abdicando dos clicks e pageviews de milhares de leitores, o – não só o maior de New York – terceiro jornal em número de exemplares dos Estados Unidos não estaria incorrendo em grave erro, ao mesmo tempo ético e econômico? Se perdeu leitores ou dinheiro, a escolha foi deles próprios. Fato é que foi o primeiro exemplo de semelhante postura restritiva no ciberespaço, com exceção das práticas na República Democrática da China, que, paradoxalmente, a despeito do nome, restringe todo e qualquer tipo de informação subversiva (leia-se "contra o governo") que circule em qualquer página. Além disso, os editores não previram o chamado fator curiosidade: quanto mais um ser humano é proibido de um ato, mais ele buscará cometê-lo. Quem conhece o Gênesis vai entender. No momento em que os britânicos descobriram que não era um inocente defeito de link quebrado, a história circulou rapidamente e despertou o interesse geral. O fato de os administradores do site não terem redirecionado os usuários ingleses a uma página explicativa acerca da possibilidade do NYT sofrer um processo é ruborizante, afinal, como prestadores de serviços, eles deveriam dar satisfações aos clientes.

Diante de tanta intransigência, é de se pensar se a world wide web ainda é a mesma. Se quem navega pode confiar no que lê, onde quer que esteja lendo. Apesar de ter sido um caso isolado, nada impede que atitudes intempestivas como essa se multipliquem partindo das redações mais conceituadas e se alastrando rapidamente para as de médio e pequeno porte. Há alguma fonte de notícias imune ao furacão? Tudo indica que os blogueiros, os tais donos dos independentes Blogs, têm a resposta. Quando o Blog é feito por uma pessoa que não lucra com seu trabalho – ou cuja remuneração em nada influi no que põe no ar – as chances de se estar diante de informações isentas aumentam. Isso porque, apesar de as informações não passarem por algum tipo de censura ou fiscalização (nem é possível saber se o blogueiro se dedicou a checar a veracidade do conteúdo), é um alívio saber que nada ali obedece a interesses corporativos. No máximo a paixões pessoais, e ainda assim são tantos os Blogs a consultar que pelo método comparativo o leitor atento fatalmente elucidará a questão. Na prática, significa que por mais que o New York Times solde a "porta da liberdade de circulação do conhecimento" para um país inteiro seus internautas poderão rastrear algo idêntico ou próximo ao "proibido" (a maçã do livro do Gênesis) entre Blogs estrangeiros. Foi quebrado o monopólio da palavra. Qualquer um recebe e produz conteúdo na nova era da Comunicação.

O poder dos Blogs não afeta somente a mídia propriamente cibernética ou a impressa (o NYT é os dois), mas o meio mais popular de propagação de notícias: a televisão. A CNN, líder absoluta no ramo dos canais noticiosos 24 horas até o início da década de 90, hoje sofre a concorrência de redes como FOX News, Bloomberg e Al Jazira. Obviamente, nacionalizando o raciocínio, a soberania Global encontra pedras no sapato aqui e acolá. Na última entrevista do casal William Bonner e Fátima Bernardes, ao vivo no Jornal Nacional, ao presidente e candidato à reeleição Lula, notava-se que havia um predomínio de perguntas sobre a corrupção na gestão do PT, e elas não eram feitas do modo como deveriam. Ao menos foi essa a opinião mais freqüente na Internet já minutos depois do fechamento do programa. E de onde partia? Dos Blogs. Se eles são incapazes de projetar seus debates para toda a população, devido ao alto custo de um computador em termos tupiniquins, ao menos incomodam os blocos detentores da informação (não apenas os Marinho). E a vara com que andam cutucando tantas onças não é curta.

A perfeição não pode ser alcançada. A fiscalização e a emissão de informações por parte dos blogueiros devem estar sempre em aprimoramento. Sabe-se que é uma guerra, senão injusta, dificultosa destes contra os conglomerados de mídia planeta afora. Contudo, como tem de ser travada de qualquer maneira, por que não dar crédito a essa ferramenta relativamente recente do espaço virtual? A esperança numa imprensa mais transparente reside na horda de Blogs que vem tomando cada vez mais o tempo online do leitor.

A matéria citada denunciando a estranha prática do New York Times está na Reuters ( www.reuters.com.br )

quarta-feira, setembro 06, 2006

CRÔNICA: O Pão (com manteiga) de cada dia

Priscila Sousa
Nosso país só não tem punição para político, o que nos causa uma revolta todos os dias quando lemos uma matéria como a que li semana passada.“Empregada Domestica é presa por 121 dias por roubar um pote de margarina, pois não tinha dinheiro e o seu filho de dois anos pedia, chorando, pois queria manteiga no seu pão”. Depois disso tinha que escrever, e gritar a todos. Será que algum político conhece a constituição? Acho que não, pois se lesem saberiam que está claro no art.7º, inciso IV da constituição que todos nós temos direito a um salário que suporte todas nossas necessidades básicas como alimentação, lazer, higiene...

O que mais entristece é que fazem um caixa dois roubando dinheiro publico, ninguém sofre punição, não devolvem o dinheiro, não pedem desculpas à nação. Agora, quando uma mãe desesperada rouba para fornecer alimento ao seu filho comer, fica presa, e ainda tiram a guarda do filho. Que tipo de pessoas podem julgar? É uma vergonha encontrar gente assim no poder, é uma brutal desumanidade. Juizes não tiram a guarda de mães que espancam seus filhos, não prendem os políticos que desviam milhões do povo, e nem investigam como enriquecem tão rapidamente. Ninguém prende os homens que espancam as mulheres.

Vergonha maior é que os grandes meios de comunicação não divulgam, cometem o erro da omissão diante dessa vergonha, mas também entendo que seria feio publicar em rede nacional, iria contra interesses dos grandões. Mas, ninguém teve vergonha, pudor em divulgar cada passo do mensalão, os sanguessugas. Não divulgam e questionam o estado no qual nosso país se encontra, que pai tem que roubar alimento para o seu filho, e político ainda vai falar que nosso país ta crescendo. Façam-me rir, né! É uma vergonha nacional. Nessas horas que o nosso “querido” presidente deveria ir a publico pedir desculpas e dar explicações. Principalmente para essa mãe que deve estar sofrendo pela perda do filho.

Com pessoas cada dia mais individualistas, sem coração, os problemas de um país que está em desenvolvimento ficam mais graves, e mais difíceis. Ao invés do cara do mercado ajudar essa mãe e doar a manteiga, não, foi logo chamar a policia, acusá-la de agressão.O que nos leva a pensar que os seres humanos estão ficando cada dias mais robóticos.Será que vão continuar nos impingindo que roubar comida é crime e roubar os cofres públicos não? Enquanto vivermos em uma nação sem estudo, sem acesso ao nosso “livro de sonhos”, a constituição, sem acesso a boas escolas, a boas bibliotecas, viveremos lendo esses casos brutais.

Paremos para pensar que nesse caso, o já seria exagerado uma pena alternativa, o que já seria um absurdo, porque prender essa mãe por quatro meses é uma vergonha e um descrédito total com a nossa justiça. E se ela tivesse deixado o filho morrendo de fome? E aí, prenderiam também, por não da comida a criança! É mesmo um país sem caráter, sem vergonha, para que serve o direito da criança e do adolescente? Para arrotar no exterior que estamos cuidando de nossas crianças. Pagamos pessoas comuns que se acham donos da verdade para criarem leis, que jamais são cumpridas. As leis só funcionam em nosso país para os pobres, e não tem acesso à educação. Estamos mesmo vivendo num grande circo. E que os palhaços somos nós.

Segundo o site da UOL, o pote de margarina custava R$ 3,10, é para rir ou chorar? Quem está no poder não sabe o que é ter um filho chorando por alimento.Nosso país é muito rico em tudo, não precisava passar esses vexames, a nossa justiça é de dar nojo e facilmente comprada pelas pessoas de alto escalão. Retirar um filho dos braços da mãe para dizer que a justiça é feita no Brasil é bom então lembrarmos que, segundo a constituição, “O furto/roubo famélico se amolda quando o é praticado por quem, em estado de extrema penúria, é impelido pela fome, pela inadiável necessidade de se alimentar”. Isso só quer dizer que roubar por necessidade de se alimentar não seria um crime, mas sim um desespero de um país onde os ecos da fome e miséria se espalham por todos os cantos.

Já dizia Degaule, presidente da França, “um país em que um grito de revolta, um clamor de fome transforma-se em algo a ser punido não é um país serio”.

segunda-feira, setembro 04, 2006

INTERNET - G de grande

Por Guilherme Ferreira

Google. Um simples projeto de dois jovens universitários, de Stanford - Califórnia (EUA), já é um dos sites mais visitados em todo mundo [Leia...]

domingo, setembro 03, 2006

EDITORIAL - Mentes desocupadas X Banda Calypso

Por Peu Lucena
Assina atestado de perfeita “Mente Desocupada” quem foge do assunto ELEIÇÕES. Pois os “MDs”, além de tudo, adoram enxergar normalidade onde existe caos. Tudo bem que o tema pode soar chato e desconfortável quando levado às instâncias populares, mas ignora-lo a essa altura do campeonato seria como uma luta de espadas em um quarto escuro.

Você, caro leitor, já sabe que o horário eleitoral é considerado, por muitos, um saco. Sabe também que os preciosos segundos na tv, disponibilizados aos nossos nobres candidatos, não apresentam nada mais que o óbvio, a boa e velha lorota. Sabe inclusive que o horário eleitoral é aquele tempo em que a dona de casa prepara um lanche e o estudante lê aquele livro chato que cairá na prova.

O HB noticiou, semana passada, uma matéria que relata o descaso dos candidatos para com o público, e do público para com um papelzinho verde chamado título eleitoral. A matéria relata com dados incríveis a situação, nada incrível, das campanhas eleitorais.

A matéria me indignou. Não serei hipócrita em dizer que fiquei chocado, ficar chocado com descaso nesse país é caminho sem volta para o suicídio. Estava eu sentado em um restaurante popular, esses de comida a quilo, saboreando meu pobre prato de arroz com abóbora, quando, incrivelmente, termina o Jornal Hoje e inicia essa coisa mágica chamada Propaganda Eleitoral Gratuita. Penso: “Oba! Acabou a palhaçada, ta começando diversão!”. Quando, de repente, num ímpeto de cidadania, o garçom desliga a TV e coloca um extraordinário DVD do Calypso. “Não era bem essa a diversão a qual me referia”, indago eu com a abóbora.

O garçom ri, vira as costas, e me mostra que loiras descabeladas e gordinhos com topete amarelo realmente são dignos de maior credibilidade que nossos ingênuos políticos. Bem-vindo ao Brasil!

sábado, setembro 02, 2006

ELEIÇÕES – Vai votar em quem?

O Horário de Brasília expõe o perfil do eleitorado Brasiliense

- Nome: Rita Lopes de Sousa
Idade: 42
Profissão: Dona de casa e Autônoma
Bairro onde mora: Samambaia
Grau de escolaridade: primeiro grau incompleto
Naturalidade (cidade e estado): Poronga - Ceará
Intenção de voto
Presidente: indefinido “Está difícil escolher, pois não temos bons candidatos”.
Governador: Arruda “Porque ele é um bom homem, que ajuda as pessoas, e vai fazer muito por nós”.
Senador: Roriz “Gosto dele, se não fosse ele estaria morando de aluguel até hoje, ele me deu meu lote.”
Deputado Federal: indefinido
Deputado Distrital: Zé Edmar “Porque ele ajudou quando estavam distribuindo os lotes”.

____________________________________________

- Nome: Rosa Maria Nardelli Pinto
Idade: 62 anos
Profissão: Pensionista
Bairro onde mora: Sobradinho 1
Grau de escolaridade: segundo grau incompleto
Naturalidade (cidade e estado): Juiz de Fora - Minas Gerais
Intenção de voto
Presidente: Geraldo Alckmin: “Acredito que ele tenha feito algo de bom em São Paulo e espero que continue fazendo pelo Brail. Parece ser um homem sério”.
Governador: Arlete Sampaio “Porque é uma pessoa honesta e vai ajudar muito a nossa cidade. Precisamos de pessoas sérias no comando”.
Senador: Agnelo Queiroz “Porque ele é decente, e pelos candidatos que estão aí, não tenho outra escolha”
Deputado Federal: indefinido
Deputado Distrital: indefinido
____________________________________________
- Nome: Eudes Gomes de Oliveira
Idade: 63
Profissão: Aposentado
Bairro onde mora: Asa Sul
Grau de escolaridade: superior completo, Economista.
Naturalidade (cidade e estado): Irecê - Bahia
Intenção de voto
Presidente: Heloisa Helena. “Ela sempre defende o que o PT pregou, todo o tempo, foi honesta. Não traiu seus eleitores.”
Governador: indefinido “Está muito difícil, faltam bons candidatos”
Senador: indefinido “Não escolhi ainda, não achei candidato.”
Deputado Federal: Augusto Carvalho “É honesto e trabalhador”
Deputado Distrital: indefinido

sexta-feira, setembro 01, 2006

RELEITURA - TV digital no Brasil. Final feliz?

Transmissão digital dos canais abertos na sua televisão. O que poderia ser sinônimo de inclusão irrestrita dos expectadores tupiniquins a um novo meio de comunicação de massa pode acabar no outro extremo. Tudo porque o Brasil chegou atrasado... [Leia...]
.
.
Por Rafael Aguiar