Horário de Brasília

quarta-feira, setembro 20, 2006

outrOOlhar - Momentos que valem

por Gabriela Rocha
.
Epifania, catarse, orgasmo, auge. O que descreve é exatamente o ponto máximo, o momento que faz valer a pena.
.
Grandes obras cinematográficas são permeadas destes momentos. Quantos filmes são revistos a espera de apenas um momento. Momento no qual o diretor exibe sua maestria fotográfica e o ator se entrega tanto ao personagem que, durante aquele momento, não se separa a realidade da fantasia.
.
Buscar estas cenas em grandes clássicos, muitos já fizeram. As cenas de beijo de Rett Butler e Scarlett O'Hara, em “O vento levou”, a delicadeza de Audrey Hepburn admirando a vitrine da Tiffany´s ou L.B. Jeffries com um binóculo observando seu vizinho assassino, em Janela Indiscreta, já foram por diversas vezes analisados e idolatrados.
.
Proponho um olhar aos novos clássicos, os filmes que compõem o cinema contemporâneo, de jovens diretores que, hoje, estão em seu pleno fervor produtivo...
.
Começando por “Alta fidelidade”, filme dirigido por Stephen Frears, baseado no livro homônimo de Nick Hornby, no qual Rob Gordon, interpretado por John Cusack, um homem de meia idade, dono de uma falida loja de discos, se recusa a amadurecer principalmente, no relacionamento com sua namorada de longa data Laura.
.
O ponto hipnótico deste filme é a cena em que Rob recebe a visita desaforada do atual namorado de Laura, Ian, hilariamente interpretado por Tim Robbins, para avisá-lo que deve se afastar da moça. Segue-se a essa ameaça três respostas, entre elas, uma em que Gordon chega ao ponto de acertar Ian com o ar condicionado que estava na parede de sua loja. Quando a violência termina, percebe-se que tudo foi apenas imaginação do protagonista, que, na verdade, ficou parado ouvindo, sem reação alguma. Alem da incrível interpretação de Jack Black para a música Let´s get it on de Marvin Gaye.
.
Em “Os sonhadores” de Bernardo Bertolucci fascina na seqüência em que os três personagens Matthew, Isabelle e Theo dividem uma banheira, o momento de maior intimidade do filme em que se mistura o doce com o bizarro. O aspecto romântico, que permeia todo o roteiro, de liberdade a qualquer custo, seja ela ideológica ou sexual, é belissimamente resumida nesta cena. Os corpos entrelaçados de dois homens e uma mulher representam a contradição entre a questionável liberdade em que vivem e a inocência dos três dormindo no banheiro, que só foi possível devido ao grande desprendimento de qualquer pudor por parte dos atores.
.
Esta é uma pequena amostra, de duas obras, em que uma cena vale o filme inteiro. Para mostrar que, em algumas ocasiões, 30 segundos ficam marcados na memória pelo resto da vida.

3 Comments:

  • Concordo. Muitos são os filmes que minha fraca memoria nao lembra o nome, mas que ao lembrar uma cena do filme, logo me vem várias lembranças. Estas cenas das quais nao podemos esquecer, marcam brilantemente o filme, seja pelo drama que transparece no rosto da personagem ou até mesmo por uma piada que leva todos a gargalhada.
    Afinal, não devemos assistir a um filme pensando que perdemos, muitas vezes, quase duas horas de nossas vidas; entretanto saber que algo foi adcionado a nossa pessoa, mesmo que apenas um novo sentimento.

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, 21 setembro, 2006  

  • "Erros Grosseiros"

    Estrelando: Aspas, Letra Maiúscula, Vírgulas (em excesso).

    O filme que tinha tudo pra ser bom se não fosse mal dirigido.

    Em um blog perto de você.

    By Blogger 'raphael, at quinta-feira, 21 setembro, 2006  

  • Leitura super agradável...
    Os olhos parecem deslizar sob as linhas...

    Erros grosseiros a gente resolve com uma simples revisão.

    Agora talento é algo nato mesmo.

    Boa abordagem !

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, 21 setembro, 2006  

Postar um comentário

<< Home