Horário de Brasília

domingo, setembro 17, 2006

E-DITORIAL: Auto-exílio

Por Peu Lucena
O Brasil se envergonhará enquanto tiver de exportar cidadãos que levam na bagagem nada além do que a vontade de ficar!”. Disse o sábio-polêmico Arnaldo Jabor. Com razão. E essa situação não é privilégio único do Brasil, a raça subdesenvolvida instituiu o ser humano como um dos principais itens de exportação de um mercado asqueroso apadrinhado pelo “Mundo Globalizado”.

Encher uma sacola com roupas velhas e arriscar-se em mares e fronteiras passou a ser a última opção antes de se entregar a uma vida regida pela fome e pela miséria. Semana passada o HB noticiou, de forma singular, o inacreditável fenômeno que tem ocorrido entre a África e a Europa.

O Velho Mundo vem sendo invadido por africanos que se lançam ao mar e chegam a países como Espanha e Portugal à procura de um futuro que não envolva, necessariamente, a fome e a Aids. Para os que vão, qualquer espaço debaixo de uma ponte e um prato de sopa oferecido por uma ONG já são mais que o suficiente.

Os governos africanos cruzam os braços e assistem de longe seus filhos que nadam ao mar em busca de vida. Cochicham com seus secretários: “lá se vai mais uma boca que teríamos de alimentar, um reprodutor a menos nesse rebanho de ovelhas doentes...”. E o mundo diz: “Nossa!...”. Nada Além.

Brasileiros limpam chão na América com o desejo de enriquecerem, bolivianos desejam apenas uma máquina de costura e um quartinho em São Paulo, cubanos desejam um simples táxi em Miami, asiáticos um subemprego na Austrália, os africanos desejam simples e desesperadamente uma vida. E o mundo? O mundo continua com aquele estúpido e cínico “Nossa!”. Nada Além.

5 Comments:

  • Vem cá... Fora a cobertura cultural do Blog, existe algum post desprovido de previsões cataclísmicas? Que mundo!

    By Anonymous Anônimo, at segunda-feira, 18 setembro, 2006  

  • Concordo com o comentário de Rafael, o tom apocalíptico dos textos busca, única e exclusivamente, criticar e apontar erros nos assuntos que julgam convenientes os "jornalistas" do blog. Resta saber, no entanto, quem os elegeu autoridades nos temas abordados, visto que dissertam com tanta desenvoltura por todos eles, e de onde vem este problema mental causador de tanto pessimismo e negatividade (talvez de uma infância sem o bonequinho do batman, aquele paladino implacável). Talvez por isso não entre em curso uma renovação jornalística no Brasil, pois desde a faculdade futuros profissionais se empenham em procurar falhas e pontos fracos (como frisado por Rodrigo Amarante) para forjar notícias, que só traduzem a total falta de imaginação de seus redatores. O pior é que, por mais escalafobéticas que sejam estas opiniões, ainda são lidas e, em casos de insanidade mais profunda, exaltadas por leitores com a cabeça ainda menor.
    Para tecer comentário tão abalisado o autor deste texto deve, certamente, ser profundo conhecedor da situação política e sócio-econômica da África. É até difícil não imaginá-lo percorrendo as savanas ao lado das zebras e gnus selvagens, a fronte molhada de suor causado pelo escaldante sol africano e levando no peito uma camisa em cores psicodélicas, estampada com o rosto de Nelson Mandela.
    Pseudo-intelectuais assim caem das árvores. Tentem usar mais a criatividade, fazer daqui um local que realmente preste algum serviço.
    Ou um lugar que pelo menos preste.

    By Anonymous Anônimo, at terça-feira, 19 setembro, 2006  

  • Fico lisonjeado com o otimismo e preocupação relatados pelo nosso visionário leitor.
    Concordo que não cabe à minha singela e burguesa figura a missão de mudar o mundo. Não ando enchendo a cara com leituras filosóficas tampouco sofro da “Síndrome de Clark Kent” que, na minha opinião, é o único repórter com super-poderes e capaz de destruir o mau.
    Mas convenhamos, achar que os girassóis estão mais amarelos, as crianças mais coradas e os pássaros mais cantantes já é um pouco demais. Pra isso temos a Globo com o seu Rio de Janeiro restrito ao Leblon, com crianças em Bambuluá e com a rainha Xuxa em seu Mundinho da Imaginação. As opções de realidade a ser absorvida são as mais variadas. Cada qual veste a sua. O nobre leitor está cercado de opções. Pode tanto ler editoriais “cataclísmicos” quanto ligar a TV e se deliciar com a beleza pura, jovem, imaculada e cristalina de Cauã e Jéssica no Bom Dia e Companhia. Fica a escolha!

    Independente das divergências: ótimo teu comentário. Exatamente o tipo de leitura crítica que se busca atrair para esse veículo.

    By Anonymous Anônimo, at terça-feira, 19 setembro, 2006  

  • Estúpido e cínico "nossa" como o seu! concordo plenamente com o prezado anonimo aí em cima. Por acaso os colunistas fazem algo? além de reclamarem, é claro!!!! hahaha voltem logo pra barra das saias de suas mães, que esse mundo é foda crianças!!!

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, 21 setembro, 2006  

  • anonimo nada...sub comandante marcos, corrigindo..

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, 21 setembro, 2006  

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