Horário de Brasília

sábado, dezembro 02, 2006

. DE VISTA - Cabeças Cortadas

Quem tenta definir Glauber Rocha
bom sujeito não é.
Alguém já tentou definir o vento?
Pois o exercício seria de mesma grandeza,
árduo.
Sabemos dos benefícios do vento.
Da magnitude da brisa, do frescor,
da calmaria.
Combustível das pipas, balões,
moinhos e embarcações.
Também do vento arteiro, pilantra,
traiçoeiro, sem-vergonha.
Aquele vento que chega sem aviso,
do nada, derruba casa, cai morro,
leva teto e até levanta saia de moça desavisada.
Esse é o vento.
Esse é Glauber. Seria.
Seria se Glauber Rocha não fosse o avesso do avesso,
a mudança.
Seria se Glauber não fosse a personificação
do cinema novo, que misturou com o velho
e que hoje é atual, mas nem tão novo assim.
Seria se inquietude fosse, deveras,
característica definida, estática.
Se atrasado alguns anos estivesse,
se hoje parisse Dona Lúcia,
Glauber dormiria no colo do ostracismo.
Não reinaria no Cinema Novo.
Pois o Cinema Novo seria antigo, esquecido e deturpado.
Seria a morte dos filmes velhos
mais atuais já vistos num futuro próximo.
Seria a atemporaneidade
que ressuscita Glauber a cada projeção
e devolve o desbunde juvenil
que a juventude de hoje não cultua, despreza.
Morram os manuais de cinema!
Viva Glauber Rocha!


Por Peu Lucena

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