Com a chegada do inverno, ficam mais constantes as doenças que atacam a garganta e o aparelho respiratório. A equipe HB entrevistou Suzana Rosa, chefe de enfermagem de um Centro de Saúde em Brasília, que esclareceu dúvidas freqüentes sobre o assunto.
Por Dannyele Bernardes
Se você acha que em Brasília o frio está mais rigoroso este ano, acertou. Nos últimos dias, o céu tem sido encoberto por nuvens que diminuem a radiação do sol sobre a terra, e a sensação de que há mais frio aumenta. Diferentemente dos outros invernos, neste a umidade relativa está mais alta, e a probabilidade de se adoecer também. As mudanças de temperatura e de hábitos, provendo maior aglomeração de pessoas, favorece a disseminação das infecções que têm a via respiratória como meio de transmissão.
No trabalho, escola, shoppings e restaurantes nota-se ultimamente que sempre há pessoa que sentem indisposição, ou aquelas com espirros ininterruptos. Tosse, coriza, obstrução nasal, expectoração, febre, mal-estar e falta de apetite são sintomas dessas doenças, que se adquirem ou se acentuam com mudanças súbitas de temperatura, tais como gripe, resfriado, sinusite, alergia, e crises de rinite, bronquite e asma.
Entrevista com Suzana Rosa
HB: Como se dá o contágio destas?
SR: Tanto resfriado, como gripe não são transmitidos pelo “frio”. Nós não o desenvolvemos, se não tivermos o contato direto com o vírus. Agora, uma coisa que não se diz, é que na verdade pode ter uma baixa na imunidade em decorrência do frio. E também, se você não estiver muito saudável, pegar uma corrente, ou ficar muito tempo sentindo frio, não é o fato de usar um agasalho que irá te impedir de pegar uma gripe; se você já tiver condições favoráveis, vai propiciar a instalação do vírus. Nessa época, as pessoas tendem a ficar em lugares fechados, e isso favorece o contágio.
HB: Porque favorece o contágio, e o que fazer para evita-lo?
SR: Porque as pessoas estão muito próximas, e o ar ajuda a dispersar o vírus, no sentido de dificultar certas condições de transmissão do vírus, é importante manter-se em lugares ventilados, sempre. E por isso que no inverno, as pessoas adoecem mais. Em vez de irem pra um local aberto, preferem um lugar fechado para se isolarem do frio. Evitar aglomerados. No caso de evitar frio, ou gelado isso depende, vai de organismo para organismo, como já disse.
HB: Em caso de doenças semelhantes, o que fazer? Como diagnosticar?
SR: A mais comuns, que são gripes e resfriados, a principal diferença está na gravidade. Nos dois pode-se ter febre, mais no resfriado é mais branda; Mal-estar nos dois casos, tosse produtiva (tosse com catarro), que o resfriado não possui, entre outros. Tem que se ir à procura de um médico para que se possa diagnosticar. Mas a maior dificuldade que se vê, é com a Pneumonia. Esta, principalmente em idosos, crianças e pessoas com deficiência imunitária, é importante frisar que toda Pneumonia tem tosse produtiva e alteração na freqüência respiratória, mas é sutil.
HB: E os remédios caseiros, funcionam mesmo?
SR: Funcionam, mas tem que se ter cuidado, porque nem tudo que é natural é inócuo (no sentido de provocar um evento adverso). Por exemplo, se você toma um chá de uma planta, ou um remédio natural para baixar pressão, você pode abaixa-la demais. Não é preciso. As vezes, acontece também da pessoa ter alguma intolerância a alguma substancia do medicamento natural.
HB: Ultimamente, tem se escutado, que a melhor medida na prevenção da gripe, ou doença respiratória em geral, seria a vacina. Você concorda?
SR: Com relação ao vírus, você só tem duas coisas a se fazer: primeiro é manter seu organismo rígido com boa alimentação, bebendo bastante líquido, praticar atividade física, ou seja promovendo saúde. A segunda, no caso especificamente com prevenção de doenças, a única que existe é a vacina. Ela é distribuída pelo PNI (Programa Nacional de Imunização), e em alguns casos pelos CRIAS (Centros de Referência Imuno-Biológicas Especiais), todos pelo Sistema Público. A vacina anti-gripal, em alguns casos especiais é distribuída para pessoas que tem deficiência imunológica, ou de outras patologias, por exemplo as soro positivas. Pelo PNI, sempre em abril, vacinamos idosos, pessoas acima de 60 anos, e os diabéticos. Mas no caso, se uma pessoa, que não se encaixa nos critérios acima quiser tomar a vacina, tem que procurar uma clínica e pagar por esta.
HB: Fale mais sobre a vacina, ela é mesmo 100% eficaz?
SR: A questão da vacina da gripe, vacinas em geral, é que são feitas de vírus, cerpas de anos anteriores. Porque, para fazer uma vacina do agente causador da doença, e o vírus da gripe sofre mutações. Então o vírus que circulou este ano, vai ser diferente do vírus que vai circular ano que vem. Como mecanismo de auto-preservação da espécie, ele vai sempre ser um vírus mais virulento (com maior capacidade de infectar). Então, o que se pode acontecer é que no caso do vírus em um certo ano, não estará contemplado na vacina. Não terá eficácia, podendo até provocar uma gripe.
Por isso, é importante frisar a promoção da saúde, e não a prevenção de doenças.