Horário de Brasília

quinta-feira, março 30, 2006

TELEVISÃO – Numa casinha do Projac...

Por Peu Lucena


Teve fim nesta terça-feira a sexta edição do Big Brother Brasil. E mais uma vez ficou explicita a preferência e priorização de alguns valores em detrimento de alguns outros essenciais para o espírito do programa.
Esta edição foi, sem dúvidas, a edição dos espertos mais ingênuos que o Brasil já teve o prazer de contemplar. Na última edição, uma carioca meio atiradinha e que se uniu à quadrilha dos jogadores assumidos (Tatiana) disse à Veja: “No Brasil só fica no Big Brother quem é bonzinho, na próxima edição eles poderiam colocar só padres e freiras na casa.”. E a globo parece ter ouvido a moça, na última edição colocaram um monge e mais uma dúzia de outros santos. Incrível ver como eles eram bonzinhos, incrível ver como eles diziam-se não jogadores mas desciam o sarrafo nos coleguinhas na hora de voltar, mais incrível ainda era ver a carinha que eles faziam e a vozinha fina, quase angelical que era pronunciada ao Bial quando eles tentavam justificar que adoravam os parceiros, mas quanto mais longe eles estivessem do projac melhor.
Um tal de Agostinho, nossa, que ator! Ele expressava uma cara de “to aqui mendigando uma graninha, não sou tão bonzinho, mas sou pobre e sou feliz, me ajudem e fiquem com a consciência limpa para o resto de suas vidas, até que o próximo Big Brother nos separe. Amém”.
O monge como um anjo de pureza, não tinha sexo, hora elogiando e ameaçando beijos homossexuais, hora tentado e fugindo de um namoro com uma morena fogosa. Mas sempre com a ingenuidade de um bebê. “Opa, eu votei nele? É pra sair da casa? Ha, não sabia, desculpa!”
O único que realmente não fez questão de esconder que estava jogando foi o Rafael. Mas forçou a barra na linha Dhomini (vencedor do BBB 3). Ser brincalhão e palhaço é ótimo, divertido, mas tem uma hora que o limite da racionalidade é quebrado. A velha frase filosófica “fui eu o tempo todo” já ta cansando. Ok, em casa você passa do dia de sunga se exibindo para o espelho, troca de sunga debaixo de uma almofadinha minúscula e ainda diz que seu sonho é a world peace? Fala sério.
O BBB é o único jogo do qual eu tenho notícias no qual quem ganha é quem não joga, ou melhor, quem consege esconder por três meses que está jogando, não se valoriza a inteligência, se enaltece e repara-se a pobreza. E assim vivemos num mundo feliz, até janeiro do ano que vem.

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