Horário de Brasília

sexta-feira, março 24, 2006

MUNDO - A convicção das diferenças

Por Carmen Gonçalves

A Coréia do Sul terá uma mulher como primeira-ministra pela primeira vez na sua história, Han Myung-Sook, de 61 anos .
Parlamentar, ativista e feminista, Han foi designada pelo próprio presidente, Roh Moo-Hyun, na manhã de hoje, segundo diz o chefe de gabinete Lee Byung-Wan. Han, do partido Uri (o mesmo do presidente), ainda tem sua nomeação sujeita à aprovação pelo parlamento. Sendo o país mais homogêneo daquela região, existe lá uma minoria chinesa, que é frequentemente discriminada. Uma forte emigração de sul coreanos aconteceu após a segunda metade do século XX devido à instabilidade política e econômica que acometia o país, levando-os para várias partes do mundo, principalmente EUA, Canadá e Brasil. De tradições capitalistas, tornou-se uma forte economia mundial a partir de metade dos anos oitenta, seu PIB atual é cerca de 18 vezes maior que o da irmã, a Coréia do Norte.

Como todo o povo da Manchúria, os coreanos possuem costumes e crenças muito conservadores e moralistas. Apesar de algumas tradições serem diferentes dos japoneses, por exemplo, é notável o fato de que uma mulher, e de esquerda feminista, ser nomeada primeira-ministra, o segundo cargo mais alto de uma República Parlamentarista. A população, de um modo geral, recebeu razoavelmente a novidade, julgando que, com uma mulher no poder, condições de trabalho e separações culturais serão revistas. Há também um movimento feminista inflamadíssimo com a possibilidade de um maior espaço para as mulheres , o que é natural para uma sociedade capitalista, mas ao mesmo tempo extremamente complicado de se compreender em se tratando de Oriente.

No mesmo ano em que uma mulher foi eleita presidente no Chile - Michelle Bachelet, socialista e revolucionária da ditadura Pinochet – e no mesmo ano também em que um travesti e ator gay se candidata a deputado federal na Itália - Wladimiro Guadagno, ou ‘Luxuria’ (foto acima) – com grandes chances de vencer, a pergunta é: até quando existirão separações culturais e abismos sociais preconceituosos subjulgando o homem e dificultando um possível processo evolutivo intelectual e espiritual?

Há um movimento silencioso acontecendo e quase um processo natural se forma. Intolerâncias sociais são cada vez menos permitidas nas sociedades livres e abertas, o que proporciona uma reflexão sobre o desenvolvimento das relações hoje e como se dão as conseqüências deste desenvolvimento. Assim como a liberdade de expressão deve ser respeitada, acredito que a liberdade de postura, de convicção, de escolha, de qualquer coisa que seja deve ser mantida. É um exercício de nobreza e difícil para qualquer pessoa realizar, mas a tolerância deve, definitivamente, se tornar alicerce das relações atuais, pois as diferenças, que sempre existiram, estão se intensificando. As minorias, em todo o planeta, são cada vez mais sofridas e não falo aqui só de pobreza, como no caso da África. Falo de mulheres, como em parte do Islã, de latinos, como no caso dos Estados Unidos, de negros ilegais, como no caso da França, falo de índios, como no caso do Brasil, falo de guerra no caso do Haiti. Está aí, talvez seja esse o maior desafio para as novas gerações.

2 Comments:

  • Realmente nao entendo a incapacidade do ser humano de aceirtar e conviver com as diferencas... E incrivel como se torna mais comodo simplesmente esmagar ou ignorar as minorias, ao invez de ouvi-las e respeita-las...
    O mundo passa por mudancas claras de valores... espero que a eterna luz no fim do tunel nao seja apagada com o "tampao" da ignorancia!
    bom texto

    By Anonymous Anônimo, at sexta-feira, 24 março, 2006  

  • nao foi anonimo nenhum nao...
    fui eu, PEU!!!
    esse blog ta doido...

    By Anonymous Anônimo, at sexta-feira, 24 março, 2006  

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