CIDADE – O Super-herói Brasiliense
Por Peu Lucena
A sua morada, que não é nada secreta (crio eu), se localiza entre a pista divisória do Cruzeiro com o Sudoeste e as quadras do próprio Sudoeste Econômico. Talvez embalado pela própria denominação do Sudoeste, que de econômico não tem nada, o nosso ilustríssimo super-herói se fixou no local a mais ou menos seis ou sete meses.
O HOMEM INVISÍVEL.
Este nobre ser desafia todas as leis do comportamento e as leis de sobrevivência na selva de pedras em que vivemos. Ele literalmente mora em uma sofisticada parada de ônibus. Eu não disse dorme, eu disse mora. No sentido mais completo da palavra nosso novo morador faz suas refeições, improvisa um fogão à lenha e ali mesmo prepara sua comida. Logo após, como todo bom brasileiro ele tira aquela soneca pra “assentar” o rango. A noite ele se recolhe ao seu quarto, quer dizer, eu já não sei se aquilo é uma parada de ônibus que virou quarto ou um quarto que virou parada. Colchão, cômoda e caixinha com alguma espécie de conteúdo que não consigo ver quando passo de carro.
Mas vamos logo ao superpoder mais notável de nosso herói. A invisibilidade. É simplesmente inacreditável a capacidade de não ser visto por carros da PM que passam freqüentemente no local. Inacreditável o poder de não ser visto pelos poderosos que circulam e moram em um dos bairros mais nobres do DF, mais que se fazem impotentes diante do nosso colossal super-herói. É inacreditável o descaso com esse homem que pelo desespero da necessidade se apossou de uma parada de ônibus, tirando dela sua fundamental função, tirando de si o direito de escolha e tirando de nós o direito de julga-lo.
Mais incrível ainda é saber que outros tantos como ele se abrigam em outras tantas paradas de ônibus, e que outros tantos burgueses como eu passam ao largo e apenas o analisam, assim, como uma mera anomalia social, como um mero fenômeno inacreditável.
Incrível é se deparar com o Brasil e não saber se empurro a culpa, se tiro o corpo fora, se olho, se estendo a mão, ou se viro as costas.
A sua morada, que não é nada secreta (crio eu), se localiza entre a pista divisória do Cruzeiro com o Sudoeste e as quadras do próprio Sudoeste Econômico. Talvez embalado pela própria denominação do Sudoeste, que de econômico não tem nada, o nosso ilustríssimo super-herói se fixou no local a mais ou menos seis ou sete meses.
O HOMEM INVISÍVEL.
Este nobre ser desafia todas as leis do comportamento e as leis de sobrevivência na selva de pedras em que vivemos. Ele literalmente mora em uma sofisticada parada de ônibus. Eu não disse dorme, eu disse mora. No sentido mais completo da palavra nosso novo morador faz suas refeições, improvisa um fogão à lenha e ali mesmo prepara sua comida. Logo após, como todo bom brasileiro ele tira aquela soneca pra “assentar” o rango. A noite ele se recolhe ao seu quarto, quer dizer, eu já não sei se aquilo é uma parada de ônibus que virou quarto ou um quarto que virou parada. Colchão, cômoda e caixinha com alguma espécie de conteúdo que não consigo ver quando passo de carro.
Mas vamos logo ao superpoder mais notável de nosso herói. A invisibilidade. É simplesmente inacreditável a capacidade de não ser visto por carros da PM que passam freqüentemente no local. Inacreditável o poder de não ser visto pelos poderosos que circulam e moram em um dos bairros mais nobres do DF, mais que se fazem impotentes diante do nosso colossal super-herói. É inacreditável o descaso com esse homem que pelo desespero da necessidade se apossou de uma parada de ônibus, tirando dela sua fundamental função, tirando de si o direito de escolha e tirando de nós o direito de julga-lo.
Mais incrível ainda é saber que outros tantos como ele se abrigam em outras tantas paradas de ônibus, e que outros tantos burgueses como eu passam ao largo e apenas o analisam, assim, como uma mera anomalia social, como um mero fenômeno inacreditável.
Incrível é se deparar com o Brasil e não saber se empurro a culpa, se tiro o corpo fora, se olho, se estendo a mão, ou se viro as costas.
3 Comments:
Gostei da matéria peu! Tava esperando q vc fosse contar desse causo q desde a primeira vez q vc falou me entrigou, mas o mais intrigante de tudo é como ninguém até agora não foi incomodar o pobre coitada para se retirar do local? Chegamos ao cúmulo da indiferença??? Qndo ele tiver incomodando um burguês pode ter certeza q a policia vai debandá-lo.
By Anônimo, at terça-feira, 21 março, 2006
já é degradante a situação do morador da parada de ônibus, mas é ainda o pior o descaso!
o que mais me fez pensar no texto foi:e nós, o q fazemos?
É fácil reclamar que a polícia e o governo não tomam atitudes... Mas, a mobilização da sociedade tambem está muito em falta...
como disse a carine
como chegamos a esse cúmulo da indiferença?
By Anônimo, at terça-feira, 21 março, 2006
poxa galera, fico feliz..
acho que esse deve ser o tipo de debate e discursao que um blog deve provocar...
continuemos assim...
PEU!!!
By Anônimo, at quarta-feira, 22 março, 2006
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