Horário de Brasília

quarta-feira, outubro 11, 2006

[fragmentos de REALIDADE] - Uma guerra particular pelo espaço público

Certas pessoas fazem parte das nossas vidas e nem mesmo percebemos sua existência. Do porteiro do prédio ao distribuidor de folhetos no sinal. Essas pessoas só interferem em nossas vidas quando algo de errado acontece.
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Por Gabriela Rocha
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Todos os dias estacionava o carro no mesmo lugar, e a mesma pessoa, um homem na casa dos 30 anos, com a aparência peculiar de um morador de rua, assobiava para mim e pedia para lavar meu carro. Sempre negava este pedido, afinal, já tenho uma pessoa que faz este serviço para mim. Então, educadamente, pedia para que apenas vigiasse o veículo.

Isto acontecia sempre. Até que durante 2 dias de uma semana, completamente normal, na hora em que saia do trabalho e voltava ao estacionamento, ele não estava lá.
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No terceiro dia, ele estava do outro lado da rua lavando um carro e, pra variar, assobiou para mim pedindo dinheiro. Eu que manobrava arduamente meu carro, sem direção hidráulica, sozinha, fiquei muito brava pela audácia de vê-lo acenando para mim e nem mesmo ter se dado ao trebalho de vir ajudar. Saí sem dirigir um olhar ao flanelinha, e quando olhei para o retrovisor vi que ele esbraveja me xingando.

No dia seguinte, a mesma rotina. Cheguei, ele assobiou, eu olhei, ele pediu para lavar o carro, eu disse que não e fui trabalhar. Na saída, existiam muitos carros que trancavam o meu, e mais uma vez lá fui manobrar meu carro. Gira pra cá, vai pra frente, dá ré. Desta vez a dificuldade era tanta que o flanelinha decidiu me ajudar. Depois de muito brigar com o volante consegui sair. E é claro ele estendeu a mão esperando sua gratificação. Vasculhei minha carteira e descobri que a única coisa que tinha era uma moeda de cinco centavos, estava naqueles dias em que dinheiro é um substantivo abstrato na conta. Ao entregar a moeda até pedi desculpas. Juro, se tivesse qualquer outra quantia teria entregue. O flanelinha, no alto de toda sua empáfia e superioridade, me devolveu a moeda e disse: Não quero, obrigado! Nesta hora a raiva tomou a minha calma pessoa! Como assim ele não aceitou o dinheiro que eu dei? Ele não está aqui vigiando carros porque passa fome e não tem nenhuma outra forma de sobreviver?

Mais um dia da semana e eu, desta vez, sem nenhuma educação, nem olhei para a cara daquele infeliz que tinha me feito uma desfeita tão grande. Enquanto andava até o prédio ainda tive que ouvir: “Ei, Moça! Porque você não me dá o dinheiro logo. Eu nunca estou aqui quando você vai embora”. Nesta hora eu pensei: alem de ser obrigada a dar dinheiro a ele, eu tenho que fazer isso adiantado? O estacionamento é publico! Só não falei isso tudo para ele por medo, sabe-se lá se ele iria fazer algo a mim ou ao meu carro.

Dias depois, uma chuva forte caia, e lá estava ele em sua posição quase majestosa com um guarda chuva encostado em uma árvore. Pra variar, vários outros carros estavam estacionados em frente ao meu, bloqueavam a saída. Entrei rápido no carro para me proteger da chuva e esperei que ele viesse retirar os carros que estavam lá. Esperei... nada. Buzinei... nada. Desci do carro, na chuva, empurrei os carros eu mesma. Enquanto o flanelinha continuava na mesma posição, desta vez com um sorrisinho cínico nos lábios. E mais uma vez, na hora de sair, ouvi aquele assobio irritante que me pedia dinheiro. Estava travada a batalha! O objetivo dele era me irritar!

Atrasada para o trabalho, estacionei o carro na primeira vaga que vi, enquanto descia ouvi: "Ei! Você não pode deixar aí não. Essa é reservada!" Reservada? Será que ele não sabe que o estacionamento é público? E ele completou: "Só pode ficar aí se eu for lavar. É 5 reais, viu?" Sim! Era guerra! Saí do carro decidida, ignorei o que ele falava e fui embora. Quando voltei descobri que havia sido atingida. Meu espelho retrovisor estava no chão, quebrado. Todas as pessoas em volta ignoravam minha revolta, disfarçavam. Juntei os cacos do meu “ferimento” e fui embora planejando um ataque de resposta. De longe, já na rua, avistei o maldito em um canto assoviando, rindo e pedindo dinheiro.

Minha raiva era tanta que contei esta história a um amigo e finalmente tomei ciência de com que tipo de pessoa estava lidando. Era um morador de rua, um vagabundo, alguém que visivelmente começava a me ameaçar. Eu corria perigo. O cara sabia onde eu trabalhava, que horas chegava e saía. Resolvi recuar...

No dia seguinte, tentei me fazer de invisível mas ouvi o assobio. Baixei a cabeça, caminhei rápido e no final do dia trouxe meu amigo como segurança. Mesmo assim, vi o olhar ameaçador pelo retrovisor. A batalha foi perdida, desisti de estacionar naquele local. Fiquei refém do medo, de uma pessoa que antes era mais um rosto no meu dia e passou a ser uma ameaça.

Troquei de estacionamento, agora paro meu carro em um local distante, fora do caminho habitual que fazia. Rendi-me à ameaça de uma pessoa que hipoteticamente estava ali porque precisava de ajuda. Mas ficou bem claro que aquele ali não queria ajuda. Era realmente um malandro que tem a posição de guardador de carros como meio de lucrar. E que, sem escrúpulos, detinha posição de dono de um pedaço de asfalto no meio de uma via pública.

10 Comments:

  • Tirando erros de acentuação e mau uso de vírgulas e se a intenção da autora era fazer um relato, ficou bom.

    By Blogger 'raphael, at quarta-feira, 11 outubro, 2006  

  • Raphael,
    Encarecidamente, Mande-me um e-mail com todas as vírgulas fora de lugar e os erros de acentuação. Pessoas com a sua carga gramatical são muito bem-vindas como ajuda à nossa equipe.

    By Anonymous Anônimo, at quarta-feira, 11 outubro, 2006  

  • Isso é trabalho do editor, qlqr coisa listo eles pra vc no msn: raphaelb@mindless.com

    By Blogger 'raphael, at quarta-feira, 11 outubro, 2006  

  • Gabi adorei o seu texto!! incrivel como eu me identifiquei com ele!! por que será ne?!! hehehe...
    bjus e bom feriado!!

    By Anonymous Anônimo, at quarta-feira, 11 outubro, 2006  

  • ...não me acrescentou nada... valeu a intenção!

    By Anonymous Anônimo, at quarta-feira, 11 outubro, 2006  

  • Gstaria de compartilhar sua indignacao com vc, devemos nessa hora chamar a policia e dizer o que ele fez para pagar pelos seus atos, para tentar acabar com isso ou pelo menos diminuir,

    quanto a gramatica tem ate palavra escrita errada, nao escreva com raiva mas sim para passar aos outros a informacao

    By Anonymous Anônimo, at quarta-feira, 11 outubro, 2006  

  • ...Será que você tem um editor??? Gramática zero!...parabéns, você faz jornalismo??? Espero que aprenda algo e comece a corrigir os erros...nunca é tarde para aprender!

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, 12 outubro, 2006  

  • Henrique:
    Se as virgulas foram bem usadas ou não eu não sei, MAS ACHO QUE O TEXTO FICOU MARAVILHOSO.
    ISSO REALMENTE ACONTECE, E É MUITO VÁLIDO FALAR DESSE ASSUNTO, QUE, POR MUITAS VEZES, AS PESSOAS PREFEREM NÃO FALAR OU IGNORAR.

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, 12 outubro, 2006  

  • gente, o cara é uma mala sem alça..... mudar de estacionamento, murar a casa com cerca elétrica, carro blindado, telefone com rastremanto via satélite etc, etc.... dormir com um olho aberto e outro arregalado! que raios de estado democrático de direito é esse? me dá uma raiva!!!!!!! sobre o mala em questão, ele é tão ordinário que chego a me perguntar se ele é mesmo "vítima do sistema"...talvez não seja! talvez se ele fosse rico e importante, seria um daqueles chefes q sonegam imposto, sacaneiam todo mundo e têm um filho em cada canto do mundo, bem picareta!

    só escrevi isso pq acho q não devemos generalizar e tratar as pessoas marginalizadas do sistema como vagabundos..... eu sei q a intenção da gabi não foi essa, eu inclusive conheço a história do maleta aí.... mas é importante dizer q este tipo de pessoa não é a maioria dos excluídos deste País.

    By Anonymous Anônimo, at sexta-feira, 13 outubro, 2006  

  • concordo totalmente com o comentário acima!

    By Anonymous Anônimo, at sexta-feira, 13 outubro, 2006  

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