Horário de Brasília

quarta-feira, junho 21, 2006

COMPORTAMENTO - Quem são os bichos?

Estima-se que os brasileiros gastam R$ 5 bilhões anualmente com seus bichos de estimação, e sabemos que alguns vivem em melhores condições que muitas crianças no nosso país. Como discrepâncias como estas podem acontecer? O senso de humanismo realmente desapareceu?
Por Gabriela Rocha
Passando pelo sinal, se fecham as janelas dos carros importados e ignora-se a criança que está do lado de fora implorando por ajuda. A velha desculpa que o papel de cuidar deste problema cabe ao governo é usada para não ficar com a consciência pesada. Ao chegar em casa o pequeno cachorrinho, com pedigree, que custou quase dois mil reais, brinca alegremente nós pés do dono usando sua nova roupinha combinando com sapatinhos e lacinhos novos recém colocados no último banho no Pet Shop. Esta é uma situação que acontece mais comumente do que possamos imaginar, quantos de nós não conhecemos pessoas que parecem tratar seus animais de estimação como se fossem pessoas.

É mais um dos bizarros fenômenos da sociedade moderna, o número de Pet Shops e afins nunca foi tão grande, aqui na cidade, por exemplo, todas as quadras acabam tendo uma padaria, uma papelaria e é claro uma loja para cuidar exclusivamente dos animais de estimação.
Produtos que vão de brinquedos a refrigerantes, direcionados ao mundo canino. Como exemplos deste mercado temos Cd´s com músicas que acalmam seu cachorro, Remédios Florais de Bach para Animais todos disponíveis em lojas (inclusive on-lines) especializadas no ramo, e todas é claro por uma pequena fortuna. E também todos os serviços de beleza como pinturas de pêlo, unhas, tosas performáticas, spas, aulas de ginástica e até motéis para os bichinhos passarem momentos mais românticos.

O caso mais famosos é o da socialite Vera Loyola que em uma entrevista afirma; “Pepezinha (sua cadelinha) faz suas necessidades em um tapete persa, um dos pedacinhos que minha mãe cortou. Também dou comida na boca e vou a todos os lugares com ela, como cabeleireiro, desfiles...” ainda afirma que no “time” que cuida de sua “filha” fazem parte um clínico geral, uma dermatologista e um acumpunturista, que faz sessões semanais de agulhadas na cliente (no caso, o cachorro).

Não é que devamos começar a fazer uma campanha “Não compre um cachorro, adote uma criança”, mas este tipo de exagero não deveria existir, que falta de consciência, ou pior, humanidade é essa que se trata bichos como se fosse gente e gente como se fosse bicho.