Horário de Brasília

terça-feira, agosto 29, 2006

OPINIÃO – A rebordosa mundial. E quem se importa?

Por Carmen Gonçalves

A segunda-feira chegou mostrando que o mês de setembro promete. Foram 3 notícias, dignas de fazer até a pedra ali no jardim refletir. As 6h45 da manhã a CBN deu a notícia de que a Turquia havia sofrido o 5º atentado em 24h. Lá pelas 11h30, o Terra Magazine publicou uma denúncia, do The New York Times, dizendo que Israel utilizou a trégua, proposta há quase 2 semanas, para vasculhar o território libanês à procura de túneis do hezbolah. À tarde, o dia consagrou-se: circulou pela internet um vídeo onde um líder espiritual indu afirmava ter desvendado trechos do velho testamento ainda misteriosos que anunciavam o começo de uma guerra nuclear para 12 de setembro deste ano, em que 1/3 da humanidade sumiria do mapa. A CNN fez programa sobre o vídeo a tarde toda e noite adentro.

Após o 11 de setembro americano o estado de tensão tornou-se lei. Em qualquer esquina pode haver uma granada te esperando (calma, isso aqui é Brasil!!!). Não que este guru seja um profeta iluminado em meio ao caos contemporâneo e nem que o atentado turco tenha respingado aqui no cerrado brasileiro. O que assusta, e potencialmente instiga, é a comoção geral que notícias assim causam, elas provam que os nervos humanos ao redor do planeta estão à flor da pele. A agilidade das correntes de comunicação força uma rede de interação intransponível e em questão de horas, uma frase mal aplicada e um passo mal calculado provocaria o que parece ser tão distante.

Profecias batidas e teorias de comunicação social à parte, de que forma estamos caminhando? Setembro de 2006 ou 2045, ou como Deus quiser, até quando suportar?

Intolerância e ambição movem as engrenagens. E não é só lá no Oriente Médio não.
Hugo Chávez anda gastando verdadeiras fortunas em armas de última geração, porta-aviões e petroleiros. Os EUA não quiseram vender-lhe algumas boas toneladas de fuzis, mas ele foi buscar na Rússia. Os jornais deste final de semana (capa de caderno da Folha, entre eles) publicaram matérias onde se explicava o golpe de mestre do ditador venezuelano com seus arquiinimigos: Chávez doa (isso mesmo, doa!) muitos milhares de galões de insumo de petróleo que sobra de suas refinarias aos pobres americanos que não podem aquecer suas casas no inverno. Com isso, ele mantém uma dívida convertida em dependência, tão inescrupulosa quanto nauseante, para com os governadores de alguns estados americanos. Isso, sem falar, é claro, da suposta relação de Chávez com o Irã, incluindo aí um claro interesse em armas nucleares. Ainda temos Cuba, Mercosul, tráfico de drogas e a miséria humana do seu povo, entre a lista de atividades inacreditáveis do ditador. Estariam os brasileiros livres da rebordosa mundial?

Não posso enganar-me. Não, não estaríamos. A distância física que priva o Brasil de estar no olho do furacão conforta. Mas o diacho da globalização está de um jeito, que mulheres africanas de Cabo Verde vêm comprar em Fortaleza suas roupas! “Pego um avião e em 4h estou aqui! É muito melhor do que ir à Europa, onde não encontramos as roupas que gostamos”, diz a africana, em português europeu, ao embasbacado repórter. Logo, já não estás tão segura assim, pátria amada.

E o que impressiona (além da proximidade de um juízo final, claro)? A pequenice das pessoas, a mesquinhez. Elas sabem que o planeta não está agüentando, elas vêem e sentem. Digo, as pessoas normais, não falo aqui dos governantes e influentes negociadores, diplomatas. Digo, aquele colega ali, ao seu lado. Ele não vê a sua peleja. Pra quê? Lixe-se! Não se importa com sua alegria. É incrível, mas com tantas amostras de que o que realmente importa é a verdadeira união, ele não se importa!

1 Comments:

Postar um comentário

<< Home